Um amor por nome... Catarina

                                                                                          *Foto: Web

Catarina

***

Esse nome é tão sereno

Não sei por que sempre gostei,

Catarina eu não sei

Por que sempre te amei.

***

Desde pequeno dormia

E, de repente, sonhando estava

Que vinha Catarina descabelada

Me oferecer goiabada.

***

[Sempre adorei goiabada].

E, de manhã, a gente ficava

Se balançando na rede,

Ah! Catarina sabia

Que quando a rede ia alto

Minha barriga doía

E, rindo, se divertia!

[E como era bonito aquele sorriso inteiro].

***

Então eu acordava e, de novo lembrava

Que pessoalmente não conhecia

Nenhuma Catarina na vida.

E bem depois, quando homem já crescido...

Foi quase desilusão

Apaixonado, casei com Maria, e não era Catarina!

***

Mas quem pode mandar

Nas coisas do coração

Aqueles olhos morenos

Me dominaram com paixão.

Ah, tudo bem, pensei logo assim

Minha filha terá o nome de Catarina

E vai gostar de goiabada.

***

Que nada!... Tivemos José, Joaquim e João.

Amamos todos, nos amamos também

Muitos anos felizes

Eu e Maria sempre nos demos bem.

***

A vida passa tão depressa

Pessoas chegam, pessoas vão

Começamos envelhecer

E nesse compasso Maria, por um acaso da vida

Foi antes de mim, que dor.

***

Fiquei um tempo tristonho

Meio desconsolado

Velhice, filhos longe, casa grande e vazia

De repente perdi a graça.

Pra não morrer de tristeza

Certa manhã fui à praça

Sentar um pouco e pensar.

***

Uma senhora sorridente

Apareceu bem à frente,

Logo sentou ao meu lado

Cumprimentei, educado.

***

Ficamos ali um bom tempo,

Olhando os pombos da praça

De lado, pra ela olhei, e discreto pensei:

- Mas, que cabelo assanhado!

Ela virou-se, me ofereceu um doce e disse:

- Gosta de goiabada? Muito prazer, Catarina.

E sorriu pra mim.

***

Lembrei-me num instante cheio de amor:

Aquele sorriso!

  [Maxwellma Castelo Branco]